Artigo: Campo arado, pois o tílburi dos insanos pretende passar

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Por: Prof. Sergio A. Sant’Anna

As últimas notícias indignam-me, moem-me, faz-me regurgitar. Acreditar em um novo normal não será possível, pois inúmeros seres humanos apostam no negacionismo, no racismo, na misoginia, na homofobia, na opugnação às religiões, no cultivo do fascismo e nazismo.

Retrocedemos. A retrotopia de Bauman parece que ganha terreno e com ela um campo fértil é preparado por aqueles, como o atual presidente da República Federativa do Brasil, que pelos seus discursos e atitudes demonstra ser repugnante ao revelar toda sua ira diante dos excluídos. É preconceituoso sim. Carrega em seu balbuciar mínimo a ira do insatisfeito, do mesquinho, daquele que teve a oportunidade de estudar, porém optou por enriquecer-se de forma covarde ao explorar aos seus subordinados. Vive numa bolha. Alimenta o seu gado com a ração pela qual foi abastecido: a pós-verdade. O discurso de ódio o alumia. Governar não faz parte da conduta de políticos feito Bolsonaro. A intenção é perpetuar-se no Poder. Fazer crescer o seu patrimônio e proteger os seus. O seu propósito expande-se, durante uma década os súditos triplicaram, os preconceituosos dos casulos saíram, e hoje procuram dominar o mundo ou pelo menos incentivar os seus adeptos a propagar o caos. Foi assim com Trump e será com o Messias quando for lavrado o termo da sua derrota nas urnas.

Na semana passada Durval Teófilo foi morto a tiros ao chegar em casa. O assassino, seu vizinho. Durval foi confundido com um bandido. Como? Isso mesmo, leitor, ele era negro. E na imaginação deste membro da Marinha Brasileira, ou seja, do assassino, ele era o típico bandido brasileiro. Racismo estrutural. Este mal que se impregna em grande parte da população brasileira. É fato que se fosse um branco chegando em sua residência nada disso teria acontecido. E como ficam sua filha de seis anos e sua esposa? Os pedidos de desculpa não serão suficientes, pois ele foi morto pelo escancarado preconceito.

Moïse Kabagambe, congolês, que residia no Rio de Janeiro, na mesma semana em que Teófilo foi assassinado, o jovem de 25 anos foi brutalmente espancado e morto próximo em um quiosque por cobrar uma dívida pelo seu trabalho. Moïse fugiu do Congo ao lado dos irmãos, mandados pela mãe, primeiro, pois não suportaria vê-los mortos pela guerra. De fato, como bradava a inesquecível Elza Soares em sua canção: “A carne mais barata do mercado é a carne negra”. Até quando veremos inúmeros casos como estes sendo disseminados pelo Brasil e nos manteremos inertes, ou no máximo, manifestantes de redes sociais? Somos hipócritas. Não somos empáticos ou altruísta como pregava Zigmunt Bauman. Depois de algumas semanas ninguém mais se lembra. Somos sujos. Nossas mãos contêm o sangue de inúmeros inocentes, pois apenas no rebuliço é que nos indignamos, depois a vida é bela como nos mais verdes contos.

E ao começar esta segunda semana do mês de fevereiro, o nazismo, que algumas semanas já fora reportagem do dominical “Fantástico” com denúncias desses grupos que se expandem, tornara-se pauta de alguns comentaristas, políticos e youtubers. A defesa da liberdade de expressão ao defender o Nazismo. Está tudo errado. Conquistas estabelecidas há décadas esfarelam-se diante de mentecaptos acostumados às leituras mínimas e impróprias ao progresso. De fato, vivemos tempos escuros, no mínimo nebulosos, pois o terreno fértil à involução foi arado. O tílburi dos insanos pretende perpetuar-se no poder. E há os que acreditam em sua desumanidade. Há vários Hitlers por aí…

*Prof. Sergio A. Sant’Anna – Professor de Redação nas Redes Adventista e COC em SC e jornalista.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tenências do pensamento contemporâneo.

 

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